segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

PODE SER QUE SIM. UM FELIZ E SANTOS NATAL! (in Diário as Beiras)

Pode ser que sim. Um Feliz e Santo Natal! - José Junqueiro
O ministro das finanças, com o à-vontade que se lhe reconhece, veio à Assembleia da República dizer aos deputados que a “captura” do subsídio de Natal aos trabalhadores portugueses, reformados e pensionistas foi decisão unilateral do governo e não imposição da “Troika”. De uma assentada desmentia o 1º Ministro e o ministro Paulo Portas que tinham dito exactamente o contrário.
Com um défice anunciado de 4%, em vez de 5,9%, conforme o compromisso assinado para o programa de assistência, o governo chega ao fim do ano com um excedente colossal, cerca de 3 mil milhões de euros. É o próprio que demonstra ao eleitorado que António José Seguro tinha razão ao afirmar, desde o início, que cortar o subsídio de Natal era desnecessário, bem como aumentar o IVA da electricidade e gás à taxa máxima de 23%, prejudicando as famílias, diminuindo a competitividade das empresas, deprimindo a economia e aumentando o desemprego.
Não se entende, ninguém entende, a estratégia do governo. Sabemos que a crise é mundial, que a Europa tem sido frouxa no seu combate e que Portugal, necessariamente, seria fortemente afectado.
Os partidos do governo, outrora oposição, não se cansam de repetir o contexto em que se movimentam, mas essa preocupação deveria ter sido assumida com o governo anterior, por uma questão de verdade e até de patriotismo responsável. Não deu lá grande resultado a defesa das agências de rating!

Mas se nem o Presidente da República esteve à altura das suas responsabilidades, como poderíamos esperar coisa diferente de uma coligação de direita que se transformou num “albergue espanhol”?

O caricato, no entanto, é o governo não dar conta de que já ajustou contas com o passado e que o país lhe pede e exige um futuro que marque o reencontro com a esperança e confiança. Não perceber isso é de uma enorme insensibilidade ou, então, pura ignorância política.
Só assim se entende que um Conselho de Ministros, anunciado com pompa e circunstância, possa ter ocupado 11 horas de um dia de Domingo sem que, no final, existisse uma mensagem de esperança ou uma ideia mobilizadora. Foi o silencio total, como que a transmitir uma sensação de impotência.
E a afirmação, o conselho espontâneo e tonto, que alicia os jovens a abandonarem o país, em particular os professores, só demonstra que, infelizmente, o governo está mais longe da entrada e muito mas próximo da saída.
Gostaria que assim não fosse, desejo que não aconteça e, por isso, transporto a esperança de que em 2012 o governo se possa reencontrar com a responsabilidade ganhando, ao mesmo tempo, a disponibilidade para ouvir o PS.
Pode ser que sim. Um Feliz e Santo Natal!

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