sexta-feira, 30 de março de 2012

É PARA ISTO QUE SERVE UM CONGRESSO? (hoje, in Diário de Viseu)

Durante o fim de semana assistimos ao congresso do PSD. A liderança de Passos Coelho era inquestionável, não havia e não houve disputas. Foi um momento único, nos últimos anos, para aquele partido se concentrar no país e na resolução dos seus problemas.
Fez tudo ao contrário. Dedicou-se a criticar o PS. Como eu os compreendo! Quem nada tem a dizer sobre o futuro fala sobre o passado, mesmo que este já tinha sido julgado e sancionado pelo povo nas últimas eleições, há menos de um ano. Cada um segue o caminho que entende, mesmo que no momento da assinatura do acordo entre o PSD e o CDS, em Junho de 2011, o primeiro ministro tivesse dito que “nunca se desculparia com o passado para fazer o tinha de ser feito”. Viu-se!
E no congresso, ou fora dele, falam sobretudo os que estão “falidos politicamente”. Vejamos: Marques Mendes não se aguentou na liderança do PSD, Luis Filipe Menezes saiu ao fim de curtos meses -  a chorar e descompensado - Paulo Rangel perdeu a luta da presidência  para Passos, Marcelo não se aguentou na presidência do partido e perdeu a câmara de Lisboa para Jorge Sampaio. Mergulhou no Tejo e nunca mais foi o mesmo! Manuela Ferreira Leite também abandonou a presidência do PSD, foi-se embora. Capucho inventou uma saída de Cascais com outras ideias, mas foi dispensado do Conselho de Estado e, agora, do partido. Amuado entregou o cartão! E ouvimos - NÓS - estes sábios a dar "palpites", apesar de incapazes de fazer e apenas de falar!
Valeu o discurso final de Passos Coelho, uma espécie de ato de contrição, palavra que em matéria religiosa significa “dor sincera por ter ofendido a Deus, acompanhada do propósito firme de não mais pecar”. Para os não crentes trata-se apenas de “arrependimento ou remorso”. Seja qual for a interpretação, há uma ilação simples: o presidente do PSD, que também é primeiro-ministro, sabe que precisa do PS para poder vencer o desafio que está colocado ao país.
A hora da verdade está a chegar. Com desemprego máximo – a crescer – e a economia parada, em breve, muito em breve, algo terá de acontecer. O mais certo é que tenhamos necessidade de mais tempo e mais dinheiro, porque o que o governo está a fazer é muito parecido com quem está desempregado: reduz nas despesas, gasta menos, mas não ganha “nenhum” para poder pagar as dívidas. Acontece que o governo não conseguiu reduzir nas despesas, nem aumentou as receitas, apenas criou um desemprego devastador.
Neste contexto, Passos Coelho, como quem bebe um copo de água, desautorizou os congressistas, as críticas e tentou apaziguar os estragos que a “turba” fez. Foi uma boa tentativa, mas talvez já não tenha chegado a tempo, talvez! É para isto que serve um congresso?
DV 2012-03-28

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