sábado, 31 de março de 2012

OE RETIFICATIVO - JOÃO GALAMBA

 Joao Galamba,
1) Evolução do consumo público em 2011: -3.8 (1ºT), -4.5 (2T), -1.4 (3T), -5.7 (4T). Isto desmente a tese do desvio colossal no primeiro semestre de execução orçamental, porque o pior trimestre foi o primeiro da exclusiva responsabilidade deste governo;

2) Evolução acima do esperado das exportações em 2011 deveu-se, sobretudo, ao 1º semestre (média de 8.6% no primeiro semestre e 6.25% no 2ºT). Para além do segundo semestre de 2011 ter sido pior do que o primeiro, as exportações estão a desalecerar.
Quando comparamos o OE2012 com o Orçamento rectificativo hoje apresentado, as exportações baixam de 4.8% para 2.1%. Isto mostra quão infundado é o optimismo do governo sobre a suposta solidez das nossas exportações. Como as exportações são a nossa única fonte de crescimento, isto contraria o optimismo de Gaspar e Passos sobre o 'momento de viragem da economia portuguesa';

3) Em 2011, o Consumo Privado caiu mais do que o esperado e confirma a existência de uma espiral recessiva: -2.3% (1T),-3.3% (2T),-3.4% (3T),-6.6% (4T). Em 2012, a coisa piora ainda mais: quando comparamos OE2012 com Orçamento rectificativo, o consumo privado passa de -4.8% para -5.8%;

4) Em 2011, o Investimento caiu mais do que o esperado e confirma a existência de uma espiral recessiva: -7.1% (1ºT), -10.5% (2ºT),-12.1% (3ºT), -16.1% (4ºT).
Em 2012, a coisa piora ainda mais: quando comparamos OE2012 com Orçamento rectificativo, o Investimento passa de -9.5% para -10.2%. Para além da recessão no curto prazo, a queda brutal do investimento tem impactos no longo prazo e no PIB potencial, o que é uma tragédia.
Uma leitura conjunta deste indicadores mostra quão irrealista é o optimismo do governo, porque a economia está a colapsar. O ajustamento do défice externo, o tal que é 'mais rápido do que o esperado', só pode ter uma leitura: deve-se apenas ao empobrecimento.

Estas políticas não estão a construir nada; estão apenas a destruir toda e qualquer possibilidade de superar a crise com que estamos confrontados. Perante estes dados, o governo só tem uma saída: renegociação imediata dos prazos do memorando e recuo na austeridade.

Sem comentários:

Enviar um comentário