terça-feira, 31 de julho de 2012

(Hoje,no "I")A “SILLY SEASON” DE PASSOS COELHO



O executivo de Passos Coelho vai a banhos. Já não era sem tempo. Estava a precisar. O próprio mais do que ninguém. E as pessoas mais do que ele. Talvez, por uns dias, fiquem sem más notícias.
Só me preocupa Vítor Gaspar. É que esse já regressou! Teve tempo para “pensar” e sempre que faz “isso” ficamos com os bolsos a arder, apesar da garantia, de “neste momento…não estar a pensar em mais impostos”. Só que o “momento” foi nos “idus” de julho!
Tempo, pois, de refletir sobre a textura ideológica e o novo léxico governativos. Parafraseando o “neologismo” do 1º ministro, no debate sobre o Estado da Nação, “suporia-se” que não fosse assim. Férias são férias!
Comecemos pelo “coiso”, o desemprego, assim lhe chama o ministro da Economia. Não o devemos interpretar como um “sinal negativo”, segundo Passos Coelho, porque, como justifica,“…ser despedido não tem de ser um estigma, tem de representar uma oportunidade para mudar de vida”. E, assim é. Segundo a OCDE, há cada vez mais gente a mudar de vida. Talvez 17% o consigam em 2013.
Isto explica que o 1º ministro, na posse do Conselho para o Empreendedorismo, tivesse lamentado uma “cultura média”, a da “aversão ao risco, dos jovens portugueses licenciados por gostarem mais de ”ser trabalhadores por conta de outrem do que empreendedores”. Claro, são uns “piegas”. Podiam ter feito como ele. Assim que terminou os estudos, empreendeu muito, decidiu arriscar, e começou de imediato como administrador, disto e daquilo, como bem pode testemunhar Ângelo Correia.
E já nos lembrara de que há sempre outro caminho, o da “emigração. Sobra-lhe imenso em ideias originais. Já não seria a primeira vez. Lá pelos meados do século XX, “durante o Estado Novo”, foi uma solução. Até, recentemente, o felicíssimo período foi utilizado como imagem de sucesso do possível saldo positivo da balança comercial. De facto, excetuando a guerra e a ditadura, as razões são as mesmas: desemprego, fim do futuro e resignação.
A oposição está sempre a criticar, lamenta-se Passos Coelho, mas avisa, com fina subtileza, que não será ele a pôr “porcaria na ventoinha”. Dizem-lhe que só austeridade não é o caminho e logo responde, em linguagem “benuron”, que "não se pode dizer que estamos a tomar demasiado remédio para a febre”, nem a ”exigir demais aos portugueses”. Longe vá o agoiro, ninguém pensa nada disso.
E que pensasse! O 1º ministro, está determinado e assegura que o “governo não se pode comportar como uma barata tonta”. Para quem não sabe, “barata” vem do latim, “blatta” que, na aceção mais comum, quer dizer “inseto ortóptero”. Neste caso significa governo. Muito adequado!

Talvez por coerência, em recente reunião de quadros do PSD, “ocasião de segunda categoria”, segundo o centrista Lobo Xavier (na SIC), Passos Coelho foi bem mais assertivo, avisando não estar a pensar nos votos dos portugueses e, portanto, “que se lixem as eleições”. Toda a gente compreendeu. Não teve razão Paulo Rangel ao recomendar moderação na linguagem. 
Mas, lá veem as férias e assim termina a “silly season” de Passos Coelho

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