domingo, 25 de novembro de 2012

Henrique Monteiro - TRÊS RAZÕES CONTRA A INDEPENDÊNCIA DA CATALUNHA


A causa da independência da Catalunha é bastante popular em Portugal. Vê-se na Comunicação Social, nas redes sociais e nas conversas. A esquerda gosta, por impulso, de "independências"; a direita vê a coisa como uma vingança face a Castela; outros lembram que a nossa vitória em 1640 se deveu à derrota da Catalunha. Essa simpatia, aliás, estende-se ao País Basco, embora, neste caso, o terrorismo da ETA fosse generalizadamente condenado.
Esta simpatia pela implosão de Espanha (ou de Castela, como gostam de dizer os mais patriotas) nada nos diz do presente e menos ainda do futuro. Em meu entender, a alteração do mapa político do país vizinho, nomeadamente a independência da Catalunha é-nos altamente prejudicial. Saliento três pontos:
O primeiro é que embora haja motivos históricos para um secessionismo catalão, há-os igualmente para a integração. Estes últimos são razoavelmente obscurecidos, mas a verdade é que a junção das coroas de Aragão e Castela deu-se há mais de 500 anos, ainda Madrid não existia como cidade.
O segundo é que a coexistência de vários países no espaço da península é prejudicial à afirmação de Portugal no espaço europeu e mundial. Ou seja, se na Península existirem além de Portugal e Espanha, ainda a Catalunha, o País Basco (ou mesmo a Galiza), tornamos a Ibéria um espaço balcanizado, onde as rivalidades tenderão a aumentar exponencialmente. Nesse cenário, Portugal perde importância, tanto económica, como demográfica e política.
O terceiro, e mais importante, é que a razão substancial e de fundo que leva os eleitores da Catalunha a querer a independência neste momento, é uma má razão. No fundo, e apesar de ser uma causa vista como "de esquerda" (é a Esquerda Republicana que mais pugna por ela, ao passo que a CiU, nacionalista, apenas o faz por oportunismo), baseia-se na ideia de que a região, sendo mais rica e desenvolvida, paga - como por lá se diz - "las tonterias de Andalucía". Ou seja, mutatis mutandis, é o mesmo argumento que os eleitores finlandeses, austríacos e alemães usam para não quererem pagar as loucuras gregas, portuguesas ou espanholas. É um argumento egoísta e, em tudo contrário, aos bons princípios de subsidiariedade europeia. É por isso importante que os avisos da Europa sejam ouvidos e que os eleitores da Catalunha saibam que a via independentista lhes pode sair cara.
Hoje, segundo as sondagens, vencerá a CiU e a demagogia continuará. E, ainda que pouco possamos fazer para a contrariar, é sempre bom entendermos o que está por ali em jogo.

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