sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

(Opinião, DV) O comboio é um projeto que nos une



A autarquia de Viseu, como todos os partidos em geral, nomeadamente o PS, nunca deixaram cair o projeto de uma ligação ferroviária. Nesse sentido, há vários anos, o secretário de estado do governo de António Guterres, Crisóstomo Teixeira, veio a Viseu, a meu pedido, discutir o lançamento de um estudo que pudesse justificar esse investimento. Os jornalistas testemunharam o facto. E o estudo foi feito, bem como a respetiva quantificação.
Mais tarde, no tempo do governo Durão Barroso, PSD/CDS, foram anunciadas de uma só vez, na Figueira da Foz, cinco linhas TGV, sendo que a ligação Aveiro, Viseu, Vilar Formoso seria de prestações elevadas, um pouco mais de 200 kms/hora, bem abaixo dos 300 kms. É um conceito diferente, mas adequado aos nossos interesses, envolvendo passageiros e mercadorias.
A boa noticia tinha, no entanto, logo à partida, um senão: seria a última das prioridades. Com o governo de José Sócrates, a secretária de estado Ana Paula Vitorino deu um novo impulso com a ligação de Aveiro à linha do norte e anunciando o estudo e prioridade do lanço Aveiro/Viseu. Ficou, portanto, de pé a esperança de vir a ter o comboio. Foram feitos os estudos de impacto ambiental no corredor Aveiro/Celorico da Beira.
O PSD, entretanto, para chegar ao poder, foi diabolizando tudo quanto era projeto de investimento e diabolizou o TGV. Classificou-o como obra faraónica, "megalomania socialista". Eis que agora, para mim sem surpresa, o governo reanuncia o inevitável: dar andamento à ligação Lisboa/Madrid.
O ministro das Finanças apressou-se a anunciar a obra e quantificar o reforço da comparticipação comunitária. O ministro da Economia, nosso conterrâneo, também se apressou, mas para dizer que a obra seria para 2015, tarefa de um próximo governo.
Ora, o que nós não ouvimos falar, foi na ligação Aveiro, Viseu, Vilar Formoso. O governo esqueceu-se? Veremos, em breve. Nunca aceitarei esse esquecimento e, por isso, esta semana dirigi uma pergunta ao governo, subscrita pelos deputados do PS, questionando a vontade política em materializar este corredor ferroviário, bem como o respetivo calendário.
É que não esqueço ser este um investimento estruturante para o país, para a região e, particularmente, para Viseu. Não tenho dúvida sobre uma vontade única em Viseu, porque o comboio é um projeto que nos une.

DV 2013.02.06

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