domingo, 21 de abril de 2013

Opinião - "Passos Coelho tem de sair o mais cedo possível"


O governo fez saber, pela comunicação social, que no próximo conselho de ministros vai discutir as propostas do PS. A primeira conclusão é a de que o PS, afinal, sempre teve  propostas e, acrescento eu, feitas há muito. A segunda, é a de que, pela primeira vez  Passos Coelho admite um facto que sempre negou e mandou negar. O desastre económico e a tragédia social da sua governação a isso obrigam.
Outra novidade, após a frouxa remodelação, foi a introdução de apelos ao consenso, repetidos até à exaustão. Têm contudo, uma nuance: o governo tomou as decisões e chama o PS para concordar com elas. Como referiu ironicamente António Seguro, trata-se de uma espécie de formulário governativo, já preenchido, em que o PS era convidado a assinar de cruz. Um lamentável equívoco!
O PS quer uma renegociação global das condições do memorando para que Portugal possa cumprir as suas obrigações sem sujeitar todo um povo a uma austeridade suicida. O governo riu-se e negou, mas a verdade é que a dita negociação está a acontecer, não porque fosse desejada, mas porque os falhanços governamentais de todas as metas a isso obrigam.
O governo obteve um abrandamento nos juros, porque o BCE interveio, atitude que, desde o princípio o PS reclamara e Passos Coelho sempre rejeitou, dizendo mesmo que seria perigosa. Tem agora mais tempo para as metas do défice, porque não as cumpriu. Terá mais tempo nas maturidades, porque falhou os objetos de crescimento e entrou em espiral recessiva. Terá mais tempo para pagar a dívida, segundo as últimas notícias, porque não o consegue fazer de outra maneira, como sempre o PS alertou.
Esta "evolução" resulta da pior das razões: incumprimento e falhanço do governo em todos, mas todos, os objetivos e metas. A mudança poderia ter resultado de uma estratégia que o PS avançou, desde sempre, e agora não é mais do que consequência de um caminho errado que nos mergulhou em mais recessão, maior destruição de emprego e mais desemprego, trituração da economia e um devastador desastre social.
Impõe-se, portanto, uma renegociação proativa e imediata evitando mais remendos que, por sua vez, estão na origem de novos e inelutáveis buracos. Mais tempo para cumprir o défice, para pagar a dívida, para as diferir as maturidades, com juros mais baixos, menos austeridade, maior investimento para conseguirmos crescimento e emprego, é tudo isto que tem de ser assumido sem pestanejar.
E, já agora, a devolução a Portugal de 3 mil milhões de euros que o BCE arrecadou com o serviço da dívida, tal como já fez com a Grécia. O PS não exige, portanto, um procedimento que já não tenha acontecido com outros. 
Tudo isto teria evitado os cortes nos salários, reformas e prestações sociais, IVA a taxas máximas e recessão económica. O governo e Passos Coelho acordaram tarde e o consenso possível é o da sua saída, o mais cedo possível.


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