quinta-feira, 29 de maio de 2014

PS: um debate que não é apenas interno

Está aberta a discussão sobre a liderança no PS. O modo como ela se vai desenvolver dirá muito sobre os interlocutores e mais ainda sobre o próprio partido. Todas as opções são naturais. Não há delito de opinião. Nem mesmo na disputa da liderança, eventualidade que os estatutos garantem em toda a plenitude e de formas diferentes. Ninguém depende de ninguém. Apenas de si próprio, das suas ideias, dos seus apoiantes e do contacto direto com as bases, os militantes.  
António Seguro ousou incomodar-se no momento em que o PS mais precisava, submeteu-se a sufrágio interno duas vezes, a última das quais há uma ano. Em oito meses ganhou duas eleições, autárquicas e europeias. Em ambas aumentou claramente o score do PS. Retirou o PS das derrotas de 2009 e 2011 e trouxe-o, de novo, às vitórias, em 2013 e 2014. Assim se compreende que, para além das eleições, em todos os estudos de opinião seja o líder político mais cotado. 
As eleições anteriores são ambas bem distintas das próximas legislativas, no objetivo, na participação e na decisão. O PS preparou-se e continua a preparar-se para isso. A Convenção do PS apresentou novas caras, as linhas políticas programáticas e 80 medidas concretas decorrentes do trabalho refletido de muitos, no LIPP. 
Neste contexto, existe um sentido errado de oportunidade, fragilidade no momento escolhido, mas tudo será ainda mais pesado se as razões de cada um dos apoiantes se resumirem ao insulto gratuito. 
O PS precisa de tudo menos disso. Fica, portanto, a sugestão para para um debate elevado, que ilustre quem nele participa, que projete publicamente o PS e, já agora, o defenda dos falsos moralismos dos nossos adversários políticos. 
Não estou a dizer que não aconteçam verdade, veemência ou as imagens que são o sal e a pimenta de qualquer debate genuíno. Apenas refiro a inutilidade de adjetivação marginal. As pessoas querem respostas para os seus problemas e não quezílias. Por enquanto, internamente, ainda não se conhecem propostas políticas alternativas às de António Seguro, apenas se invoca a diferença de estilo, mas o livro do "gosto" ainda não foi escrito.
Neste momento o PS e os seus dirigentes estão a ser escrutinados pela opinião pública, muito mais do que alguns julgam. Para as pessoas regressarem à participação cívica intensa é necessário mudar a péssima ideia que têm da política, dos políticos e da palavra dada. Portanto, que ninguém se distraia do essencial!

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