domingo, 22 de novembro de 2015

(Opinião) Afinal, o Iraque e a Síria estão aqui tão perto

Afinal, o Iraque e a Síria estão aqui tão perto

Os atentados em França continuarão a fazer manchetes nas próximas semanas. Foi assim com “Charlie Hebdo”. O mundo indignou-se e foram muitos os Chefes de Estado que se juntaram ao povo francês, desfilando com ele para manifestarem solidariedade e enviarem uma mensagem comum, forte, de que o terror será sempre derrotado.
Alguns meses depois tudo se repetiu. Cerca de 130 mortos e 350 feridos, muitos em estado grave, dizem bem da dimensão desta última tragédia e o modo como ela aconteceu mostra bem a tremenda frieza e cobardia com que os terroristas ceifaram vidas.
Pouco se sabe ainda sobre eles, mas o que se vai conhecendo é motivo de grande preocupação. Por que razão estes jovens, alguns com família e vidas aparentemente normais, se predispõem a morrer e a matar?
O Iraque foi atacado duas vezes. Na segunda foi assumida a decisão de decapitar o regime, sem uma alternativa e sem uma razão válida. Hoje todos admitem que as informações sobre armas de destruição maciça foi um logro e a cimeira dos Açores uma encenação lamentável. Sim, mas ninguém foi chamado à responsabilidade.
Morreram milhares de civis – os tais “danos colaterais” – foi sacrificada a juventude europeia, tal como a americana, e nada se resolveu. Ficou, no entanto, mais intensa a semente do ódio e só a indústria de guerra somou dividendos.
Na Síria o desastre humanitário é imenso, o êxodo daqueles que fogem à guerra e ao Estado Islâmico transformou-se noutra tragédia e com estes acontecimentos o espaço Shengen regressará ao tempo das fronteiras e ao crescimento dos nacionalismos.
Penso que a França, o mundo e todos nós não aprendemos nada com o “Charlie Hebdo”. Há ainda quem julgue que tudo acontece “lá longe” quando, afinal, o Iraque e a Síria estão aqui tão perto.

JCentro  2015.11.15

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