terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Almeida Santos estará sempre na nossa memória

Almeida Santos foi e continuará a ser uma referência maior. Desde a minha juventude até aos dias de hoje a minha estima e admiração nunca pararam de crescer. Cedo se incomodou para ajudar o seu país e da sua pena saíram as leis estruturantes do nosso Estado de direito democrático. 
Afável, sereno, muito chegado à família, fazia amigos com facilidade. Tinha uma autoridade natural. Nunca precisava de falar alto para se fazer ouvir. Era um dom cultivado, inteligente, que toca a poucos, mas que lhe permitia fazer consensos com muitos.
Sempre viu mais longe, como bem prova a extensa obra que nos deixa. Com Mário Soares ergueu o PS, fez dele o grande partido que somos e ao qual está ligada a história da liberdade, da democracia e do socialismo. Participou em todos os combates e estava a travar mais um quando, sem aviso, a vida se interrompeu. 
Fica o meu reconhecimento e um abraço forte e solidário a toda a família e amigos que tanto o estimavam e lhe queriam bem.

"Nascido em Seia, Almeida Santos licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra em 1950 - onde aprendeu o canto e a guitarra de Coimbra e chegou a gravar um disco. Cantar o fado de Coimbra foi um dos seus hobbies até muito tarde.
Em 1953 instala-se em Maputo, então Lourenço Marques, onde passa a exercer advocacia. É uma das figuras centrais da oposição democrática nas colónias, tendo sido candidato duas vezes nas listas da oposição e defensor de presos políticos.
Viveu em Moçambique mais de 20 anos e regressou a Portugal depois do 25 de Abril. Foi ministro da Coordenação Interterritorial nos quatro primeiros governos provisórios, o responsável direto pelas negociações da descolonização. 
Ao longo da sua longa carreira política foi também ministro da Justiça, ministro da Comunicação Social, ministro adjunto do primeiro-ministro Mário Soares no II governo constitucional, ministro de Estado e dos Assuntos Parlamentares. Quando Mário Soares se decide candidatar à Presidência da República, é Almeida Santos o candidato a primeiro-ministro do PS nas eleições de Outubro de 1985. Depois de três anos de austeridade e com o partido do general Eanes (PRD) a concorrer às eleições, o PS obtém apenas 20% dos votos. Almeida Santos tinha pedido "uma maioria para governar", levou com uma derrota histórica.
Foi sempre um dos homens de máxima confiança do fundador do PS Mário Soares. É a Almeida Santos que se deve a grande maioria das leis que desenharam a democracia. Foi presidente da Assembleia da República e só deixou de ser presidente do PS quando António José Seguro chega à liderança do partido. Mas fica com o cargo de presidente honorário - e mantém-se em atividade, participando em quase todas as grandes reuniões do PS. Sem evitar os confrontos, fazia-o sempre com a máxima tranquilidade.

Era uma referência máxima do PS, a quem o Estado entregou a grã-cruz da Ordem da Liberdade e a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo." (Ana Sá Lopes)

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